Dificuldades financeiras aumentam inadimplência entre Microempreendedores Individuais do Brasil

O início de 2023 foi marcado por desafios para os Microempreendedores Individuais (MEIs) no Brasil, de acordo com o Índice FinanZero de Empréstimo (IFE) de janeiro. Dos 17,7 milhões de MEIs ativos no país, cerca de 5 milhões estão inadimplentes com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), resultando em uma dívida total de R$ 59,5 milhões, sendo a maior parte concentrada em São Paulo e Minas Gerais.

Esses números levantam preocupações sobre a falta de conhecimento sobre o funcionamento do MEI, juntamente com o acúmulo de dívidas entre autônomos, intensificado pela pandemia. De acordo com a análise do IFE, os trabalhadores assalariados inadimplentes registraram um aumento de 22% nas buscas por empréstimos, indicando uma maior instabilidade financeira entre os trabalhadores PJ (Pessoa Jurídica).

Uma das principais razões para essa diferença de estabilidade financeira é que a perda de renda para trabalhadores assalariados é relativamente mais difícil do que para trabalhadores PJ. Em casos de demissões sem justa causa, os trabalhadores assalariados têm direito ao saque do FGTS, 13º salário e férias proporcionais, além de uma indenização de 40% do valor depositado na conta do FGTS durante o período de trabalho. Já os trabalhadores PJ não têm direito a esses benefícios, recebendo apenas o salário.

Termos como “empréstimo para negativado urgente” e “empréstimos para negativados” tiveram um aumento significativo nas buscas (aumento de 50% e 49% respectivamente), mostrando o interesse por modalidades de crédito menos burocráticas, acessíveis online e com liberação quase instantânea. Essas soluções se mostram atraentes para aqueles que possuem restrições no nome.

A demanda por empréstimos também aumentou em janeiro, com um aumento de 36% no número geral de perfis inadimplentes que buscaram empréstimos na FinanZero em comparação com dezembro do ano anterior. O pagamento de dívidas foi a principal razão pela qual pessoas com restrição ao crédito buscaram empréstimos em todas as regiões do país.

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) também registrou níveis recordes de endividamento e inadimplência em 2022, com 78 de cada 100 famílias brasileiras endividadas, o maior número desde o início da série histórica da pesquisa em 2010.

As condições econômicas atuais, incluindo uma taxa Selic de 13,75% e a perda de cerca de 431 mil postos de trabalho em dezembro, de acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), pressionam muitos trabalhadores a recorrerem a empréstimos para negativados como uma opção viável para reorganizar suas finanças.

O IFE também revelou que a maioria dos solicitantes de empréstimo com restrição ao crédito não possui ensino superior (79%) e 52% deles são mulheres entre 25 e 35 anos. A região Sudeste concentrou 57% dos solicitantes, e nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo, os pedidos para pagamento de dívidas representaram 48% do total.

Além dos desafios socioeconômicos atuais, a desigualdade social e a falta de educação financeira entre as famílias mais pobres contribuem para esse cenário de inadimplência.

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