O que o mercado esperava do Copom?

Na mais recente reunião realizada na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (Bacen) optou por manter a taxa básica de juros, conhecida como Selic, em 13,75%, uma decisão amplamente esperada pelo mercado.

No entanto, muitos agentes do mercado não ficaram satisfeitos com o comunicado, esperando por uma indicação mais clara de redução na próxima reunião agendada para agosto.

Os diretores do Copom foram assertivos ao mostrar que ainda existem riscos tanto para cima quanto para baixo no cenário inflacionário, mas reconheceram que é mais provável que ocorra uma desaceleração dos índices no futuro.

Em relação aos riscos para cima, destacaram a persistência da pressão dos indicadores globais, a desancoragem dos índices de longo prazo (vale ressaltar que o último boletim Focus projetou uma inflação de 3,98% para 2024, acima da meta) e uma preocupação sobre a incerteza remanescente em relação ao arcabouço fiscal.

Todas essas questões são válidas. Apesar da queda da inflação em todo o mundo, os núcleos, que em sua maioria refletem os preços relacionados ao excesso de demanda, ainda se mantêm elevados.

Essa queda global até agora foi apenas um reflexo da melhora nos preços das commodities, especialmente devido à China. No caso do Reino Unido, a preocupação é ainda maior, uma vez que o índice geral nem mesmo recuou.

Quanto à desancoragem das expectativas em relação à meta, indicada pelo Focus, a boa notícia é que já se pode vislumbrar um ajuste constante para baixo, sinalizando que uma redução está próxima.

Agora, em relação ao arcabouço fiscal, ele não se mostra adequado para tornar a política fiscal deflacionária. Os objetivos de déficits/superávits (já bastante questionáveis) são uma coisa, enquanto o montante dos gastos do governo que pressionam (ou não) a demanda é outra. Isso é preocupante, pois não há necessidade de reduzir os gastos reais do governo.

O Copom também reconhece as perspectivas favoráveis para a conjuntura. A desaceleração da China, a queda nos preços das commodities, a desaceleração da atividade global e o crédito doméstico são fatores que contribuem para manter a inflação em níveis mais controlados em 2023.

Portanto, o Bacen indica que poderá reduzir a Selic nas próximas reuniões, dependendo do contexto, ressaltando que as decisões futuras dependerão da evolução da inflação, bem como do monitoramento de itens sensíveis, da política monetária e das perspectivas, principalmente para o próximo ano.

Em outras palavras, o banco avaliará a inflação de serviços e como o mercado projetará esses resultados para 2024.

Dito isso, o que o mercado esperava desta reunião do comitê? Que o Bacen garantisse uma queda nas próximas reuniões?

Essa não é a função do Bacen, que fez exatamente o que deveria ser feito, explicitando as condições para uma redução futura. Se esses requisitos forem atendidos, o resultado esperado virá. Caso contrário, precisaremos ter paciência. Essa é a natureza do trabalho da política monetária.

Fonte: Contábeis

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